terça-feira, 10 de março de 2009

COTAS RACIAIS - DISCRIMINAÇÃO RACIAL?!


A edição n° 2102 – de 04 de março de 2009 – da Revista VEJA, trouxe uma matéria sobre o risco das cotas raciais nas universidades. Vejamos como seria seu “funcionamento”, o critério de divisão das vagas entre Negros e Não-Negros.
Quem são os beneficiados, e quem são os prejudicados pelo sistema de cotas raciais?
Análise dos grupos diretamente envolvidos: os negros, e os não-negros (brancos, amarelos, etc).
Primeiramente, vamos dividir cada um desses grupos em 3:
Negros 1: são os negros que passariam no vestibular de todo jeito, independente se há cotas ou não
Negros 2: são os negros que só passaram no vestibular por causa das cotas
Negros 3: são os negros que não passam no vestibular, independente da existência de cotas.

Os não-negros

Não-negros 1: são os que passam no vestibular, com ou sem cotas
Não-negros 2: são os que passariam no vestibular sem cotas, mas perderão suas vagas caso haja cotas
Não-negros 3: são os não-negros que não passam no vestibular, independente da existência de cotas.

Quais são as conseqüências finais das cotas para cada um desses grupos?

Conseqüências

Não-negros 1 (que passam no vestibular, mesmo que haja cotas): pra eles, não muda nada. Talvez eles até sejam beneficiados, caso os alunos da universidade pública passem a ser divididos em 2 pelo mercado: entre os diplomados de universidades públicas, o simples fato de ser branco (ou japonês) vai passar a ter muito valor! (pois eles terão se formado, ainda que os negros tenham sido favorecidos: ou seja, serão os “melhores entre os melhores”!)
Não-negros 2 (que passam no vestibular hoje, mas perderão suas vagas caso haja cotas) : eles perdem suas vagas, e ficam indignados com a injustiça de terem tido a sua vaga "ROUBADA" por outra pessoa, só por que ela é negra. Não interessa se os pais deles deram duro pra pagar (com muito sacrifício) uma escola particular pra eles, não interessa se eles mesmos se esforçaram o máximo possível pra superar suas limitações e se qualificarem: o futuro deles foi rifado para “reparar” uma injustiça que não foi cometida por eles. Notem que na maior parte dos casos, esses caras não são “elite”: conseguiram se qualificar com muito sacrifício pessoal e familiar. São aqueles que pegaram as últimas vagas, que passaram “raspando”, com muito esforço. Mas agora, por motivos raciais, eles têm negada a sua chance de ascensão social.
Não-negros 3 (que não passam no vestibular, independente da existência de cotas): pra eles, nada muda. Mas agora eles encontram nos negros uma desculpa para justificar o seu fracasso, mesmo que isso não tenha sido o caso. Nas cabeças fracas desse grupo (não são poucas!), está formado o caldeirão para justificar o ódio racial.

Agora, o caso dos negros:

Negros 1 (que passariam no vestibular, independente de cotas): antes, eles eram reconhecidos como vencedores. São poucos, mas esses poucos têm um reconhecimento ainda maior: a sociedade julga que eles superaram uma situação adversa para estarem onde estão, e isso acrescenta valor aos seus méritos. Conseguiram tudo com seu próprio esforço. Suas qualificações são legítimas. Mas depois da implantação do sistema de quotas, vão sempre ser olhados (injustamente) com desconfiança: como é que chegaram lá? Será que são realmente qualificados, ou o seu diploma é fruto de cota, conquistado por causa da cor da pele e não pelo seu cérebro? A cor da pele deles vai ser um fator de desconfiança. Notem que muitos deles têm perfil parecido com os “não-negros 2”, que venceram apesar das adversidades.

Negros 2 (que só passaram no vestibular por causa das cotas): ascenderam às custas dos “Não-Brancos 2”. Serão beneficiados, pois “alguma coisa” é melhor do que “nada”. Mas o mercado não nasceu ontem, provavelmente as pessoas vão levar em conta a razão de eles estarem lá nos processos de seleção. E estes pagarão a fatura por estarem lá só por causa da cor da pele, passando a frente de gente que se esforçou pra competir (com estudo) e ser melhor que ele - e que ganhou, mas não levou.

Negros 3 (que não passam no vestibular, independente da existência de cotas): é a grande maioria (mais de 99%), não se iludam: não há vagas para todos nas universidades públicas. Para eles, nada muda. A única diferença é que ganham o “status” indesejado de favorecidos, ainda que não o sejam: pagam a fatura (da raiva popular) sem receber a mercadoria (do favorecimento).
Então, a questão é: vale a pena fazer as cotas para beneficiar uma parcela ínfima de negros (que nem são necessariamente os mais merecedores, em relação a outros negros), às custas de todos os outros negros, e dos não-negros?
Vale a pena sacrificar a legitimidade da conquista de quem é negro e conseguiria entrar na universidade por méritos próprios?
Vale a pena sacrificar o futuro dos amarelos e brancos menos privilegiados, que a muito custo se encaixam nas últimas vagas oferecidas pela universidade?
Vale a pena fazer isso tudo sem que a verdadeira elite (filhos de políticos, dos ricos, etc) veja seus “direitos” ameaçados?
Vale a pena criar 2 classes de graduados de escola pública, a dos negros e a dos não-negros?
Defender as cotas é defender o racismo e a discriminação racial. E isso é injustificável.
No final da história, a resposta à pergunta inicial é previsível: cotas raciais só valem a pena para os políticos que a implementarem, e para os ativistas que a defendem.

Vamos aguardar, mas certamente, vem por aí muito mais polêmica e discussão, acerca desse Projeto benéfico ao preconceito racial, se o mesmo for aprovado pelo SENADO FEDERAL. E para conferir a matéria da revista VEJA acessem o link: http://veja.abril.com.br/040309/p_066.shtml.
Abraços e até mais!!!

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